A escrita epistolar nos quadros da cultura luso-brasileira: (1808 -1840)
Descrição: Este projeto busca recompor este marco temporal para um período anterior ao ano de 1838, ou ao de 1836, sabidamente a data que se consagrou para o início do romantismo brasileiro. O seu marco temporal é o ano de 1808, pelo fato óbvio da instalação da imprensa e da publicação dos jornais, porém, parto do pressuposto de que o surgimento da imprensa periódica no Brasil não se deu numa perspectiva de vazio cultural,, mas em meio a uma densa trama de relações e formas de transmissão já existentes, na qual a imprensa se inseriu (MOREL, 2009). De maneira geral, esta circulação dos periódicos estrangeiros nos períodos colonial e imperial brasileiros não determinou apenas o modo de pensar, ou as posições insurgentes, mas foi determinante nos modos de escrita, seja na extração de notícias, seja pela transcrição integral de matérias, mas, principalmente, pela circulação da escrita epistolar, na sessão Correspondência (BARBOSA, 2011). Esta nova investida deriva, sobretudo, das constatações que demonstram, entre outros aspectos, alguns dados que devem ser considerados, não apenas no que concerne ao uso e apropriações da escrita epistolar no suporte jornal, mas no contexto amplo da historiografia literária e da história cultural do Brasil do século XIX. A primeira delas, de caráter quase teleológico, considera como objetos literários dignos de abordagem apenas aqueles que se configuram como um prenúncio do Advento, prefigurando o progresso futuro da Identidade Nacional (HANSEN, 1997). Esta prática forjada pelo viés anacrônico não aplica ao gênero epistolar os critérios válidos como literários no tempo, seja pelo critério da validade estética, seja pelo viés do nacionalismo. Neste sentido, busca-se investigar as condições históricas da tradição epistolar, como gênero regrado na sua relação com os periódicos luso-brasileios do ínicio do XIX, com o objetivo principal traçar uma arqueologia deste gênero no suporte jornal, segundo os seus valores de uso e apropriações pela historia. |