Seleção de artigos (e capítulos de livros) publicados entre 1987 e 2001, acompanhados de uma entrevista com o antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira
Em novembro de 2015 o professor Etienne Samain (Unicamp) esteve na UFPB, onde apresentou a conferência “O cinema enquanto olho e memória da história” no Seminário Internacional: Cinema e a Experiência Varan (AVAEDOC/PPGA/NUDOC/BALAFON). Alguns anos antes havia feito a ele a sugestão de que publicasse, num mesmo volume, um conjunto de artigos seus sobre antropologia visual e fotografia, em vista de sua importância e atualidade para repensar essa área de conhecimento no Brasil. A idéia de um volume impresso, no entanto, demandaria esforços maiores num momento, atual, em que revistas e livros passam cada vez mais ao universo digital eletrônico. Outros autores, por sua vez, frequentemente disponibilizam suas produções bibliográficas em aplicativos ou sítios eletrônicos.
Esse foi, portanto, um de nossos assuntos no encontro de 2015 em João Pessoa. Nessa ocasião ele nos disponibilizou um conjunto de doze artigos, os quais respondem ao intuito de contribuir à formação de estudantes no campo da antropologia visual no Brasil. Na UFPB esta formação vem sendo desenvolvida nos cursos de graduação e pós-graduação em antropologia, entre os campi de Rio Tinto e João Pessoa.
Estes artigos aqui reunidos, que se encontravam dispersos em diferentes coletâneas e revistas, expressam as visões sofisticadas e provocativas deste pensador das imagens, autor, orientador e organizador de obras que se tornaram referência hoje, tais como Moroneta Kamayurá, O fotográfico, Argonautas do Mangue e Como pensam as imagens. Foi também incluída aqui uma entrevista realizada com o antropólogo brasileiro Roberto Cardoso de Oliveira em 1998. São trabalhos voltados principalmente à fotografia e à antropologia visual, eles acompanham o próprio desenvolvimento dessa área no Brasil, na medida em que seu autor foi um dos criadores do Programa de Pós-Graduação em Multimeios, em 1984, onde pesquisou e ensinou fotografia, cinema, artes e antropologia visual por cerca de 30 anos. Período no qual contribuiu aos principais debates que fomentaram a criação de núcleos, grupos e laboratórios de pesquisa em diversas universidades brasileiras (LISA/GRAVI/USP, NAVISUAL/BIEV/UFRGS, LAV/UFPE, etc.) além de mostras e festivais de filmes etnográficos, hoje muito difundidos no Brasil e no mundo, como expressões vivas da busca de um olhar diferenciado sobre as culturas e as vidas humanas.
Embora as tecnologias comunicacionais tenham avançado extraordinariamente nas últimas décadas, não há como não notar o quanto as questões e reflexões oferecidas por Samain permanecem atuais, quando não premonitórias em relação ao momento em que vivemos hoje. Este sítio eletrônico, portanto, visa disponibilizar para estudantes e pesquisadores no Brasil, bem em outros países de língua portuguesa, um rico conjunto de interrogações e constatações em torno da antropologia visual. Nos leva a perceber que não precisaremos “reinventar a roda” ao tratarmos com imagens mas, também, nos convocam a descortinar futuros possíveis para a antropologia visual neste novo milênio, na medida em que as imagens deitam, cada vez mais, suas “raízes” ao tempo em que desenvolvem “asas” e se lançam, provocando nossa imaginação viva e fazendo balançar os pilares do conhecimento pesadamente erguidos pela lógica da escrita linear.
Manifestamos aqui, enfim, nossa gratidão ao Professor Etienne Samain pela generosidade de nos oferecer esta seleção de seus artigos para este sítio eletrônico, destinado a estudantes e profissionais de antropologia e áreas afins.
João Martinho de Mendonça (PPGA/AVAEDOC/UFPB)
p.s.: posteriormente esperamos disponibilizar outro conjunto de trabalhos, cerca de 20 artigos, produzidos entre 2001 e 2017.