II Congresso Internacional de Estudos Saramaguianos
II CIES
Nas caravelas do tempo, sobre as águas revoltas da Literatura, José Saramago eterniza-se como um expoente estelar, iluminando os horizontes da palavra, com engenho poético singular. Na condição auspiciosa de mago das letras, entrelaça o cotidiano com o extraordinário remoto, transformando o simples em sublime. Sua presença ecoa no além-mar, em terras ignotas e familiares, embalando as canções da alma que ecoam através das eras.
Saramago, o alquimista do significante, confrontou a barbárie, transgrediu leis obsoletas, desafiando as normas estabelecidas, com uma verve sensivelmente perfurante. Com maestria, veleja pelos mares do real, em jangadas rigidamente imaginárias, em cujos troncos conduzem, em segurança, as imperiosas verdades que se ocultam nas intermitências da existência. Em seus textos, ficcionais ou não, somos convidados ao encontro das sombras epifânicas e ao mergulho nas crateras da iluminação, uma autêntica jornada pelo labirinto da perdição humana.
A relevância do mestre português não reside apenas na destreza técnica e natural de sua escrita, mas na coragem de confrontar o mal, o inominável ou, simplesmente, acolher com reflexão e acuidade as questões problemáticas das sociedades de sua época. Como um cronista perspicaz e audacioso, abraçou as fragilidades sociais, políticas e éticas, tão caras ao sujeito moderno, incapaz, amiúde, de encarar suas próprias mazelas e contradições.
Um grande visionário; um deus sem religião, capaz de transcender as fronteiras geográficas, tornando-se um legítimo embaixador das letras portuguesas pelo mundo. Conquistou, com louvor e aplausos internacionais, o Prêmio Nobel de Literatura em 1998, um tributo honroso dirigido a um escritor que elevou a língua portuguesa a novas alturas, num himeneu clássico e futurista, entre as inenarráveis culturas e as infinitas subjetividades, a partir de um canto sedutor, vindo das profundezas da linguagem.
Hoje, ou em quaisquer que sejam as eras, o nome, a imagem, as lembranças e os causos de José Saramago ressurgem em cada página virada de página. Seu legado é uma herança perpétua que desafia o tempo, as nos fazer recordar o poder da palavra para ultrapassar as barreiras do efêmero e, com efeito, tocar a eternidade. Saramago, o arquiteto de mundos verbais, permanece como um farol, a guiar as mentes inquietas e sedentas de beleza, na vastidão do oceano literário.
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