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Tradução e emancipação: o conhecimento multicultural como base para o ensino e a pesquisa em tradução e interpretação
Translation and emancipation: multicultural knowledge as a basis for training and research in translation and interpreting

Adail Ubirajara Sobral
UCPel
adail.sobral@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/0397923948069690

Denise Regina de Sales
UFRGS
denise.sales@ufrgs.br
http://lattes.cnpq.br/3357498439335514

Sandra Dias Loguercio
UFRGS
sandra.loguercio@ufrgs.br
http://lattes.cnpq.br/6455614754829824

Idiomas de trabalho | Work languages:  Português, English, Español

Resumo: Tradutora(e)s e intérpretes não apenas mediam encontros de culturas, como constituem fator vital da produção desses encontros (BAKER, 2018). Para além da circulação de literaturas ficcionais, científicas, filosóficas etc., das trocas comerciais, relações internacionais, tradutora(e)s e intérpretes atuam em contextos de conflitos entre pessoas e países, de deslocamentos de pessoas e povos (refugiados, exilados). Eles estão presentes em processos tanto de desmonte de democracias como revolucionários, porque são seres políticos que constroem realidades culturais, intervindo “no processo de narração e renarração que constitui todos os encontros” (BAKER op cit., p. 340). Logo favorecem ou enfraquecem determinadas causas. Muitos profissionais da tradução e da interpretação já se assumem hoje como ativistas (Translators for Peace, Tlaxcala: The International Network of Translators for LinguisticDiversity, ECOS – traductores e interpretes por la solidaridad etc.), organizando-se em movimentos coletivos autônomos para fazer frente ao status quo político, usando suas competências linguísticas para criar novos espaços de resistência, seja dando visibilidade a narrativas silenciadas ou possibilitando narrativas em outras línguas, minoradas pela hegemonia do inglês e por políticas linguísticas globais. Formadora(e)s de tradutora(e)s e pesquisadora(e)s em tradução não podem mais evitar pensar sua disciplina e suas práticas de formação como parte essencial da engrenagem reguladora dos distintos contextos da vida em sociedade, buscando produzir e formar para um conhecimento que vise a emancipação em todas as suas formas, para que o profissional da tradução e interpretação tenha consciência de seu papel político e de como intervém na vida social através de sua prática, das narrativas e do conhecimento que produz no mundo em que vive, inclusive no meio acadêmico. Segundo Santos (2011, p. 30), o “conhecimento-emancipação” – oposto ao “conhecimento-regulação” – é de natureza crítica e solidária, reconhecendo que a ignorância é o colonialismo e que este se pauta pelo reconhecimento do outro como objeto, não como sujeito. A abordagem emancipatória exige o reconhecimento do outro como sujeito, sujeito produtor de conhecimento, o que passa, antes de tudo, pela transformação de uma visão monoculturalista para uma visão multiculturalista. Passa, portanto, pelo reconhecimento das diferenças, o que exige inteligibilidade ou, nas palavras do autor, “uma teoria da tradução que sirva de suporte epistemológico às práticas emancipatórias, todas elas finitas e incompletas […], apenas sustentáveis quando ligadas em rede” (op cit., p. 31).  Envolve, assim, uma postura que assume as consequências do impacto do que produz. Como toda construção de conhecimento multicultural, a tradução enfrenta uma das dificuldades oriundas do “conhecimento-regulação”, o silêncio, que, junto com a indiferença ao multiculturalismo, destrói a multiplicidade de formas de saber, característica do conhecimento-emancipação. A partir da relevância desses aspectos e com essa base teórico-metodológica, este simpósio se propõe a refletir sobre diferentes formas de promover o conhecimento-emancipação no âmbito da formação de tradutora(e)s e da pesquisa em tradução, acolhendo trabalhos que (a) denunciem os silenciamentos provocados nessas instâncias,  (b) repensem metodologias de ensino e pesquisa, (c) discutam teorias da tradução afinadas com essa abordagem e (d) apontem caminhos para o reconhecimento do conhecimento produzido por tradutora(e)s e intérpretes.

Palavras-chave: Tradução e interpretação, Conhecimento multicultural, Práticas emancipatórias

Abstract: Translators and interpreters not only mediate cross-cultural meetings but also constitute a vital factor for the production of these meetings (BAKER, 2014). Beyond the circulation of fictional, scientific, philosophical literatures etc., commercial exchanges, international relations, translators and interpreters act in conflictual contexts involving persons and countries, dislodgments of persons and people (refugees, exiles). They are present in processes both of democracy dismounting and revolutionary ones, because they are political beings who build cultural realities, intervening “in the process of narration and re-narration that constitutes all meetings” (BAKER op cit., p. 340). Thus, they favor or weaken particular causes. Many translation and interpretating professionals already admit today they are activists (Translators for Peace, Tlaxcala: The International Network of Translators for LinguisticDiversity, ECOS – traductores e interpretes por la solidaridad and so on) and they organize in autonomous collective movements to confront political status quo, using their linguistic competences to create new spaces of resistance, giving visibility to narratives silenced or making possible narratives in other languages lessened by the hegemony of English and by global linguistic policies. Translators and and translation research trainers cannot avoid thinking their discipline and their training practices as an essential part of the regulating rules of the different contexts of social life, aiming at producing and to train for a knowledge that seeks emancipation in all its forms, so that translation and interpretating professionals be conscious of their political role and about how they intervene in social life by means of their practice, of  narratives and knowledge they produce in the world they live in, including the academic environment. According to Santos (2011, p. 30), “knowledge-emancipation” – opposed to “knowledge-regulation” – has a critical and supportive nature, recognizing that ignorance means colonialism and that this latter is ruled by the recognition of others as objects, not as subjects. The emancipatory approach demands the recognition of the other as subject, knowledge-producing subjects, something which requires the passage from a monocultural view to vision multicultural one.  Requires, thus, the recognition of differences, and this demands intelligibility or, in the author’s words, “a theory of translation that serves as an epistemological foundation for emancipatory practices, all of them finite and incomplete […], only sustained when connected in a network” (op cit., p. 31). This way, it implies a posture of responsibility for the consequences of the impact of that which it produces.  Translation faces, as happen to every construction of multicultural knowledge, one of the difficulties originating from “knowledge-regulation”, namely, silence, which, together with indifference to multiculturalism, destroys the multiplicity of knowledge forms, characteristic of knowledge-emancipation. From the relevance of these aspects and on this methodological basis, this symposium aims to think about the different ways for promoting knowledge-emancipation in the context of translators training and translation research, welcoming works which denounce silencing happening in those contexts; rethink training and research methodologies; discuss translation theories compatible with this approach; and point to ways for recognizing knowledge produced by translators and interpreters.

Keywords: Translation and interpreting, Multicultural knowledge, Emancipatory practices


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