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Caminhos cruzados: entre tradução e criação
Crossing paths between translation and creation
Carolina Paganine
UFF
carolinagp@id.uff.br
http://lattes.cnpq.br/3822561762494940
Masé Lemos
UNIRIO
maselemos@me.com
http://lattes.cnpq.br/1931949618129988
Idiomas de trabalho | Work languages: Português, English
Resumo: A manipulação criativa e consciente de palavras para a produção de textos pode ser uma definição que cabe tanto para a tarefa de traduzir quanto para a de criar um texto novo. Desde Roland Barthes e Mikhail Bakhtin, sabe-se da importância da intertextualidade na criação de novos textos e, no contexto brasileiro, desde Paulo Rónai e Haroldo de Campos, enfatiza-se que a tradução literária é um modo criativo de escrita. No primeiro caso, sabe-se que não haveria o Ulisses de Joyce sem a Odisseia de Homero, ou Em liberdade de Silviano Santiago sem Memórias do Cárcere de Graciliano Ramos, para ficarmos com apenas dois exemplos. As obras sobrevivem ao longo da história na medida em que são lidas e relidas seja de modo mais explicitamente criativo como os exemplificados, seja por meio de traduções. No caso dessas, a questão da criatividade e da criação evoca o conceito da autoria, assunto por vezes tabu quando se trata de traduzir, uma tarefa que tradicionalmente pressupõe a submissão de um dos interlocutores (o próprio ou o estrangeiro) ao outro. Quando não há essa submissão, a questão da criação parece se colocar em oposição direta ao problema da fidelidade, conceito paradoxal e complexo que, quer queira, quer não, é utilizado como baliza para não só identificar o que é uma tradução como para avaliar sua qualidade. Dentro da paradoxalidade do conceito, constata-se que muitas vezes um afastamento semântico acontece por causa de uma proposta de recriação da forma e do efeito literário. Já para as obras ditas originais, a fidelidade é valorizada desde que a nova reescrita proponha algo de novo, geralmente a partir de um ponto de vista subversivo, seja em termos político e/ou artístico. O objetivo deste simpósio é, portanto, refletir sobre como a tradução pode ser compreendida como um processo criativo e, de modo inverso, como o processo criativo pode ser compreendido com um processo de tradução. Assim, convidamos propostas que considerem os pontos de aproximação e distanciamento entre as tarefas de criar e traduzir e que reflitam sobre como essas duas tarefas se relacionam, se sobrepõem, se confrontam e dialogam entre si. De modo mais específico, serão bem-vindas propostas que tratem de tópicos como o papel criativo e autoral do tradutor; criação, adaptação e intermidialidade; criação, intertextualidade e paródia; a relevância da criação e da gênese artística enquanto produção intelectual; relações entre o autor e seu tradutor.
Palavras-chave: Tradução literária, Criação, Intertextualidade
Abstract: To creatively and consciously manipulate words in writing could serve as a definition to the task both of translating and of creating a brand-new text. Roland Barthes and Mikhail Bakhtin have emphasized the importance of intertextuality in the creation of new texts and Paulo Rónai and Haroldo de Campos have brought to attention that literary translation is a creative mode of writing. Just to give an example, we could say there would not be Joyce’s Ulysses without Homer’s Odyssey, or Silviano Santiago’s Em Liberdade without Graciliano Ramos’ Memórias do Cárcere. Works of art survive through history as long as they are read and reread, and that could happen through more explicit creative modes as the given examples or through translations. In the latter case, matters of creativity and creation evoke the concept of authorship, a taboo subject when it comes to translating, a task that traditionally presupposes submission by one of the parts involved (the foreigner or the domestic). When there is no submission, the matter of creativity seems to stand in direct opposition to the question of fidelity, a complex and paradoxical concept that is still used to identify and assess the quality of a given translation. Considering the paradoxical nature of fidelity, many times there is less semantic fidelity in order to translate creatively the form and the literary effect. As regards to so-called original works, fidelity is valued as long as the new rewriting proposes something new, generally from a subversive, whether political or artistical, point of view. Therefore, this symposium aims to reflect on how translation can be understood as a mode of creative process and, conversely, how the creative process could be seen as a translation process. We then invite proposals that investigate points of connection and divergence between the tasks of translating and creating and also how the two tasks are interrelated, how they overlap, and how they confront each other. More specifically, we welcome proposals that address topics such as the creative and authorial role of the translator; creation, adaptation and intermediality; creation, intertextuality and parody; the importance of creation and artistic process as intellectual work; and the relations between author and translator.
Keywords: Literary translation, Creative process, Intertextuality
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